terça-feira, 23 de março de 2010

Juiz ouve delegada, legista e perito no segundo dia do júri do casal Nardoni





Duas testemunhas comuns à acusação e à defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá e outra convocada pela Promotoria foram ouvidas nesta terça-feira, segundo dia do júri do casal, acusado de matar a menina Isabella, 5 --filha de Alexandre--, em 2008, em São Paulo.

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O júri começou às 10h05, com uma hora de atraso. Em depoimento, a delegada Renata Helena Silva Pontes deu informações sobre as investigações e disse que indiciou o casal por ter certeza da culpa do pai e da madrasta na morte de Isabella. O médico-legista Paulo Sérgio Tieppo Alves reafirmou que a menina foi ferida na testa, arremessada contra o chão e jogada do sexto andar do prédio onde moravam os acusados. O perito Luis Eduardo Carvalho, convocado pela Promotoria, fechou os depoimentos.

Maquetes do edifício London, onde a criança morreu, foram usadas pela primeira vez durante o júri.

Grupos mantiveram nesta terça-feira manifestações em frente ao fórum de Santana, onde ocorre o julgamento. A novelista Glória Perez acompanhou os depoimentos. "Vim como uma mãe que passou pelo mesmo sofrimento, para prestar solidariedade", afirmou.

Antes de o juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, encerrar o segundo dia de trabalhos, o promotor Francisco Cembranelli voltou a pedir que Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, fosse liberada e criticou a decisão de reter a mãe de Isabella. Ana Carolina está à disposição da Justiça, incomunicável, segunda (22), a pedido da defesa do casal Nardoni, que afirma que a testemunha poderá ser novamente requisitada durante o júri.

O juiz justificou o encerramento mais cedo do júri, por volta das 19h30 desta terça, com o fato de os jurados aparentarem cansaço, após quase 9 horas de trabalhos. O julgamento começou na segunda (22), com previsão para durar cinco dias. Na quarta (24), o júri será retomado às 9h.
Rivaldo Gomes/Folha Imagem
Homens exibem cartaz em frente a fórum; Alexandre Nardoni e Anna Jatobá são julgados por morte de Isabella
Homens exibem cartaz em frente a fórum; Alexandre Nardoni e Anna Jatobá são julgados por morte de Isabella

Delegada

O depoimento da delegada Renata Helena Silva Pontes, responsável pela investigação e indiciamento do casal Nardoni durou aproximadamente quatro horas. Pontes afirmou que indiciou Alexandre e Anna Carolina por ter certeza da culpa do casal e disse que chegou a apurar ao menos três denúncias anônimas sobre a morte da menina, mesmo após a prisão de Alexandre e Anna Carolina. Todas as informações, no entanto, acabaram classificadas como trotes.

A delegada afirmou que ter percebido, durante as investigações, que as versões apresentadas pelos acusados não batiam. "A cada dia de investigação, a cada diligência realizada, a cada nova pessoa ouvida, tinha mais embasamento que os réus praticaram o crime."

Durante o depoimento, o promotor Francisco Cembranelli utilizou as maquetes do edifício London, localizado na norte de São Paulo, onde Isabella morreu em março de 2008.

As miniaturas foram feitas especialmente para o julgamento, a pedido da acusação. Uma delas mostra o apartamento onde moravam os acusados e foi utilizada para que a delegada mostrasse o local das marcas de sangue encontradas no quarto dos filhos de Alexandre e Anna Carolina, local de onde Isabella foi jogada. A outra maquete, que mostra a parte externa do prédio, foi usada por Cembranelli para mostrar detalhes sobre o sistema de segurança do local. A eventual falta de segurança do prédio já foi abordada diversas vezes pela defesa dos acusados como forma de justificar a existência de uma terceira pessoa no local do crime, hipótese negada pela acusação.

Após o depoimento, a defesa do casal Nardoni pediu que a delegada permanecesse à disposição durante o júri. Com isso, ela ficou retida, assim como ocorreu ontem com a mãe de Isabella.

Médico-legista

O médico-legista Paulo Sérgio Tieppo Alves, outra testemunha comum à defesa e à acusação, prestou depoimento por aproximadamente três horas, desde as 15h45.

Para sustentar que Isabella foi agredida antes de cair do sexto andar do edifício London, Alves disse que foi possível separar as lesões provocadas pela agressões daquelas causadas pela queda. As lesões na testa, no pescoço e no quadril, segundo o médico-legista, apontam que Isabella foi ferida na cabeça por algum objeto, estrangulada e arremessada ao chão. As outras lesões, principalmente nos órgãos internos, foram decorrentes da queda do prédio.

Alves também detalhou um laudo odontológico que, segundo ele, mostra que a pessoa que provocou esganadura em Isabella também fez pressão para que a menina não gritasse.

Durante o depoimento, a Promotoria pediu para que o médico-legista identificasse fotos anexadas ao processo. As imagens foram mostradas aos jurados.

Perito

A última pessoa ouvida nesta terça foi o perito Luis Eduardo Carvalho, que veio da Bahia convocado pela Promotoria. Foi o depoimento mais rápido do dia --durou cerca de 30 minutos.

O perito descreveu seu método para determinar, a partir de manchas de sangue, a altura de que as gotas que as produziram podem ter caído. A advogada assistente da acusação questionou as manchas encontradas pela perícia no apartamento do casal, e Dória afirmou que, no local do crime, o sangue caiu de uma altura superior a 1,25 metro, indicando que a menina de cinco anos pode ter sido carregada até lá.

Primeiro dia

Na segunda (22), primeiro dia do júri, apenas a mãe da menina Isabella foi ouvida. Ela chorou em ao menos três momentos e foi ouvida pela acusação e pede defesa.

Os trabalhos começaram com o sorteio dos sete jurados que compõem o conselho de sentença. Cinco dos sete jurados participam de um júri pela primeira vez.

ANDRÉ MONTEIRO e FERNANDA PEREIRA NEVES, da Folha Online. Colaborou LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Onlin

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