quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


Os dias quentes de verão são sempre um convite para levar a turma ao parque. Mas não é só porque o vento é refrescante que atividades ao ar livre devem ser propostas. Ele, por si só, é um instrumento que estimula os pequenos a se movimentar, entrar em contato com os fenômenos da natureza e explorar sentidos, como o tato e a visão.

Brincadeiras e brinquedos simples, como bolhas de sabão, cata-ventos, pipas e aviões de papel, são ótimos para desafiar as crianças a usar o vento a favor dos próprios movimentos. "Quem brinca é sempre o corpo. Os brinquedos só o ajudam a brincar", explica a pesquisadora Renata Meirelles, autora do livro Giramundo e Outros Brinquedos e Brincadeiras dos Meninos do Brasil. Empinar pipas, por exemplo, exige o aprimoramento da coordenação motora, além de promover um olhar apurado sobre o movimento.

Em Cambira, a 382 quilômetros de Curitiba, as turmas da pré-escola de toda a rede municipal foram convidadas a montar e brincar com pipas. "A ideia era fazer as crianças perceberem a influência do vento e ter um contato inicial com as formas geométricas criadas durante a montagem dos brinquedos", diz Dóris Lucas Moya, mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), secretária municipal de Educação e responsável pelo projeto.

De acordo com Silvana Augusto, formadora do Instituto Avisa Lá e professora do Instituto Superior de Ensino Vera Cruz, ambos em São Paulo, ao abordar esse elemento da natureza, vale também levar as crianças a tomar consciência da relação que os seres humanos estabelecem com ele. "O vento é útil para quê?", "Que sensação provoca nos dias de frio?", "É possível criar vento?" e "Como percebemos que ele existe mesmo não conseguindo vê-lo?" são algumas das questões que podem ser lançadas para levá-las à reflexão (leia a sequência didática). "Agindo assim, o educador põe em prática uma ideia de Jean Piaget (1896-1980), que diz que o conhecimento se funda na ação e as crianças devem se relacionar com o mundo levantando hipóteses", diz ela.

Por fim, segundo explica Anibal Figueiredo Neto, mestre em ensino de Ciências e coordenador do Atelier de Brinquedos Científicos, interagir com o vento é um jeito interessante de ajudar as crianças a começar a pensar nas relações entre causa e efeito. "Elas não precisam saber explicar o porquê de todas as coisas quando estão na Educação Infantil, mas é importante que questionem sempre e percebam que uma provoca outra, como no caso do sopro que movimenta um barquinho de papel na água", afirma.

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